29.12.08
a apenas alguns dias de entrar em vigor, pululam as críticas a reforma ortográfica. uns reclamam das mudanças nos acentos de vôo (não se engane com a fonética, nada a ver com as poltronas apertadas da gol); outros choramingam de saudade do trema - como escrever lingüiça, qüinqüênio e pingüim novamente? e na mesma frase, então?
mas para lari e eu, diretamente interessadas no assunto, como jornalistas e editoras que somos, o maior problema foi a falta de foco dos responsáveis pela reforma. após muito debate, chegamos à conclusão de que os puristas furungaram em temas espinhosos, como o hífen, que pouca gente sabe usar mesmo, ao invés de incluir três palavras indispensáveis para o bom entendimento do vernáculo, a saber: bigo, degote e guspe.
você, brasileiro, faça o teste: entre no T1 lotado e pergunte como se chama o orifício aquele no meio da barriga, o que serve pra pendurar o pilce. na hora de passar o óleo johnson pra limpar o fuinho do neném tão munitinho gudigudi. muitas utilidades para o bigo que, ademais, é sempre um, pra que reforçar?
são 98.800 citações no google, o que não é para qualquer um: Douglas Barcellos, o "ator" brasileiro morto em portugal aparece apenas em 6.310 resultados. o degote é uma preferência nacional. decote perde a metade da graça, e parece saído da bula de um remédio. degote é lascivo, degote é malemolência, degote é brasil. dá pra imaginar a morena de biquíni branco suando no rego dos seios na beira da praia. e dá pra chamar isso de decote? não, né?
mesma coisa o guspe, uma palavra melequenta, completamente diferente de cuspe, seco. e como é que cuspe pode ser seco? seja babado, seja lançado a distância, guspe é mais adequado foneticamente.
não sei onde estão as autoridades que não tomam uma providência em relação a essas graves falhas na reforma. eu sugeriria um abaixo-assinado, mas confesso que não faço a mínima idéia (chuif, em breve sem acento) se tem hífen ou não.