bem cuidado, tia

23.3.07


apesar de ter fama de rude com os manobristas, por alguma razão os flanelinhas que trabalham nas ruas onde estaciono têm uma empatia natural comigo.

quando trabalhava no palácio Piratini, deixava o carro na duque. primeiro, numa garagem com brita, que odeio. aí, vi que tinha um tiozinho de barba zz top que cuidava da rua. eu chegava às 8h e lá tava ele, saía às 20h (quem disse que ccs não trabalham?) e ele seguia, firme.

pensei em deixar o carro ali e fui negociar, já que a garagem custava 100 pilas por mês. ele deixou, ficou por 2 pilas o dia depois de muito regatear, mas com uma ressalva: freio de mão solto. "tudo bem", se era pra gastar 80 a menos, até amasso a placa…

só que o cara era flor de criatura; nunca rolou um arranhãozinho. comecei a deixar a chave com ele, pra lavar. ele lavava, manobrava, até costurou o banco do fiesta, que tava furado. quase um marido. quando saí do piratini, até abraço eu dei nele. que cena.

estive livre dos flanelinhas até hoje, quando voltei a usar ruas que têm dono pra estacionar. na frente do novo emprego tem um flanelinha superatuante, em dois dias já me contou que tá cheio de mulher que estaciona mal por ali e que eu tenho que chegar 15 minutos antes pra conseguir vaga. ele também é de uma ingenuidade emocionante. comentou, enquanto eu procurava moedas no fundo da bolsa:

- um senhor que mora aqui deixava o carro dia e noite aqui na rua. mas, depois que o carro dele alagou, ele finalmente ABRIU A MÃO e decidiu pagar uma garagem. aqui nessa rua não dá pra deixar.

será que ele ganha salário fixo? certamente, não recebe por produção.

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