deus vê tudo

21.11.07

fui abastecer o auto hoje de manhã. prosaico, portanto. parei no posto ipiranga da rótula da carlos gomes com a protásio.


eu - ó, moço, onde tem álcool? (sim, eu só abasteço com álcool, para proteger a natureza. 'mas aí morrem bóias-frias, usineiros enriquecem em vai faltar comida no mundo'. eu sei. mas enquanto não comprar uma bicicleta, é assim que é.)


ó, moço - ali na frente. ele já vai sair.


paro do lado. to megamotherfucker atrasada. o ó, moço abastece a fiorino, abre o capô (ele deve ser o único que concorda em verificar-a-água-e-o-óleo), olha, olha, nada. termina de abastecer, o cara paga com cartão, demora, demora, demora. vou colocar o carro e um incauto estaciona no lugar.

ó, moço - moça, ele já tava antes, vai abastecer rapidinho.

eu - #&%¨&, mas que %¨&($, por que não me avisou?

mesmo assim, espero. espero. espero. termina. estaciono e pergunto:

eu - nada mais vai me impedir de abastecer?

ó, moço - rê, rê, não, moça.

bufando de fúria, enquanto abastece, vou no caixa eletrônico pegar dinheiro. pego. na hora de pagar, por alguma razão minha bolsa nova se engancha na minha blusa tomara que caia.

e caiu.

foi um átimo de segundo. mas paguei peitinho pro ó, moço em plena protásio alves.

bem feito pra mim.

esses publicitários e suas agências maravilhosas

9.11.07


o tião fez no blogui dele uma descrição muito pertinente sobre o estereótipo do publicitário - com seus cabelos metodicamente bagunçados - e sobre a verdadeira guerra civil que se abateu entre os funcionários das concorrentes escala e dcs no salão da propaganda após a troca de agência da conta da colombo, que vale nada menos que 50 milhas anuais.

como o tião, também achei esquisito que os colegas - o baixo clero, como ele chamou - se digladie, vestindo a camiseta da agência. até porque publicitário troca muito mais de emprego que jornalista. mas só num primeiro momento. porque depois, pensando melhor, pra eles faz todo o sentido.

o jornalista, como eu e o tião, não estamos diretamente envolvidos no lado comercial da comunicação. exceto por uma ou outra pauta 500, estamos alheios ao dia-a-dia dos anunciantes.

se o zaffari parar de anunciar na zero hora, muito provavelmente não haverá uma reunião da direção com a redação, explicando que, a partir de agora, haverá cortes para se adequar ao novo momento financeiro.

os publicitários, diferentemente de nós, jornalistas, têm uma visão bem mais completa e pragmática do negócio com o qual trabalham. o compromisso deles é com a empresa e não com o leitor - e isso sem romantismo: o problema, a preocupação do jornalista é o leitor SEMPRE, é ele que compra jornal, abre site, folheia revista. e é ele que faz valer a pena anunciar em determinado veículo.
de qualquer forma, talvez ele tenha se chocado com o formato do salão da propaganda. amiga e irmã de publicitários, via a preparação, a empolgação que antecede os dias da "festa mais afudê do mundo" que é o tal de salão, que tem um ingresso caro afu - agora, não sei quanto tá, mas era uns 150 paus.

até que, um belo dia, fui pautada para cobrir o salão. acompanhei a premiação, passei a matéria por mail e, uma da manhã, pensei: agora vou curtir a tal de melhor festa do mundo. tolice a minha. o clímax já tinha passado, todo mundo já tinha enchido a cara e a festa terminou.
definitivamente, eu não sou o target. (mas ok, se todos eles tivessem aquela carinha ali em cima, repensaria...)

gentileza não gera gentileza

6.11.07


meu pai diz que vou tomar um tiro no trânsito, que sou muito estressada, não deixo passagem pra ninguém, atolo a mão na buzina e corto a frente dos mais lerdos.

mas eu to tentando mudar desde que ele presenciou um pedestre quebrar a porta de um celta a pontapés no centro de porto alegre e sair correndo, deixando pra trás, em prantos, uma motorista que cometeu o crime de buzinar pra o agressor. afinal, como todos sabemos, quem tem, tem medo.

hoje, peguei um engarrafamento de 40 minutos pra chegar no trabalho. mesmo atrasada, deixei um carro trocar de pista porque tinha um ônibus estragado na frente dele; deixei uma pedestre atravessar pelo meio dos carros gentilmente; deixei dois carros saírem das garagens na minha frente; deixei uma lotação sair da joão abbot; deixei um senhor atravessar a rua com um saco plástico com um pimentão dentro e um diário gaúcho embaixo do braço; deixei uma senhora sair da rua do barranco e passar na minha frente. pra completar o ataque de bom humor, deixei dois pedestres atravessarem a rua a duas quadras do trabalho.

não adiantou nada. a 50 metros da firma, um caminhoneiro me mandou tomar no cu e atolou a pata na buzina porque eu queria estacionar e ele colou atrás de mim.

deu de bom humor no trânsito. eu bem que tentei.