a vida ganha outro sabor quando se passa a ir na academia toda a semana, e não digo isso como entusiasta do esporte ou coisa que o valha - quem me conhece bem sabe que seria de um cinismo inominável. é que tu passa pertencer também ao grupo d'"eles". "eles" são aqueles que sempre foram citados por "nós" com um misto de ironia e invejinha, sendo "eles" aqueles que se cuidam, comem mais salada que comida e se matam puxando ferro, e "nós" os que estão acima de todas essas coisas, porque afinal deus nos deu inteligência de sobra e bom mesmo é tomar cerveja e comer xis-coração enquanto se lê a piauí.
sou frequentadora de um meio acadêmico desde o ano passado, primeiramente na condição de aluna da hidroginástica, esporte sobre o qual já discorri aqui, explicando que de velhinhas não tem nada, já que lá uso caneleiras e pesinhos e saio ofegante, e segundamente, desde agosto, como aluna de uma maravilhosa personal trainer na musculação. vejam que depois do esporte até as minhas frases ficaram mais longas, porque eu fiquei com fôlego de atleta, percebeste? a-tle-ta.
aí, meu amigo, o bem-estar, que não sei mais se leva hífen, bate nas alturas. porque sair de um boteco mais cedo porque está com sono pode ser interpretado como preguiça, ou pior, sintoma de velhice. mas não para uma frequentadora de academia, que precisa ir porque amanhã acorda cedo pra fazer uma série específica para o braço. e sai do bar, ante olhares incrédulos de alguns, admirados de outros, que imaginam que se até eu consigo ir numa academia com frequência, isso deve ser uma reedição do milagre de lázaro, talvez jesus em pessoa tenha descido e dito "levanta-te e anda", ou melhor, "corre, pula, faze abdominais porque a vida passa e as costas começam a doer".
eis que, no final do mês de dezembro, algo aconteceu, o joelho véio fez crec e inflamou, o que me tirou dos campos. apesar de ter feito comentários jocosos, como "beber nunca me fez sentir dor no joelho", foi uma experiência bonita. porque machuquei o joelho no legpress, e dá pra contar isso aos convivas enquanto se dá uma esticadinha na perna porque a posição tá complicada. traz os mesmos olhares de admiração, com uma vantagem: dá pra continuar tomando mais uma cerveja, porque, ora bolas, não dá pra ir na academia com esse joelho.
o problema é que o bicho tá parando de doer.