querido diário,
sábado - acordei às cinco pra pegar um vôo às 6h40. só que em vez de usar a função soneca, desliguei o despertador. resultado foi acordar às 6h15 e achar que dava. claro que não deu e embarquei 9h30, achando que essa seria a última vez na vida que eu ia ser eu e deixaria que esse tipo de mangolice me acontecesse.
corta.
terça - preparada para embarcar às 17h30, do outro lado da cidade, acordei 7h, arrumei mala, fiz check out no hotel, levei minhas tralhas pro evento para ganhar tempo. o resultado é que quatro horas da tarde estava na fila do check in da gol, falando (ouvindo falar) mal da empresa com um tiozinho de recife.
na minha vez, cadê o documento? viajo sempre com o único documento que ando na vida, que é a carteira nacional de habilitação. com toda a calma e tempo, me ofereço pra ficar catando o documento no ladinho enquanto a moça atendia outras pessoas. esvaziei a bolsa. esvaziei a mochila do note. esvaziei a mala e revirei os bolsos das roupas. nada.
oficial. seiláeo cadê minha carteira de motorista, não a via desde sábado. podia estar em qualquer lugar. assim, a moça da gol (que incentivava minha procura "olha nos bolsos, neguinha"; "já viu na agenda?") disse que eu teria de fazer um B.O. e ir à Anac.
toc, toc, toc. comentei que usava um salto 15? atravessei o galeão. na delegacia, pegando meus dados, a atendente loira, cujo carpete certamente não combinava com a cortina, avisa que o B.O. fica pronto em um dia útil. primeira vontade de chorar ante a possibilidade de uma noite vibe tom hanks. mas engulo. e remexendo na bolsa, lembro que tem uma nota fiscal do hotel com telefone.
ligo pra lá e eis que eles realmente encontraram minha carteira de motorista. anoto mentalmente que nunca mais vou me organizar pra sair cedo de um hotel na vida. vejo que já são 16h30. o hotel é o do outro lado da cidade. peço para o moço que me atende colocar o documento em um envelope e despachar por táxi, não sem antes me passar o celular do motorista. desligo o celular e as mocinhas da delegacia vibram comigo.
toc, toc, toc, volto ao check in da gol. explico que o documento vem vindo. a mocinha que me atende diz que pode despachar minha mala provisoriamente. mas que o taxista tem que chegar até 17h. ligo pra ele, o seu euclides. preso em um mega engarrafamento longe paca do aeroporto. segunda vontade de chorar. aí, não deu. ligo pra minha mãe e choro no saguão do aeroporto. ela me acalma.
vou na loja da gol pra ver que horas tem outro vôo. ruim: nove e meia. pior: 400 reais a mais na tarifa. resolvo apostar nas habilidades do seu euclides.
e aí começa a briga contra o relógio, que insistia em passar rápido. não vou conseguir descrever a agonia, mas nem precisa. é só lembrar, todo mundo já passou por isso. o fato é que comi todo o esmalte e depois os dedos, o seu euclides chegou às 17h30 em ponto, dei 50 pilas pra ele de gorjeta (fiquei em dúvida: pouco?), a mocinha da gol que não sei o nome liberou a minha entrada, cheguei correndo no portão de embarque e fui a última no avião.
tudo isso pra explicar porque achei as nuvens tão fofinhas lá de cima desta vez. e porque tirei uma foto e tudo.